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LIXO É LASTRO!

Lixo é uma inesgotável fonte de oportunidades de excelentes negócios, uma fonte de riquezas ainda pouco explorada. Coletar lixo para reciclagem ou reutilização traz imensos benefícios à natureza. Talvez seja a atividade que melhor represente o conceito nu e cru do significado de sustentabilidade econômica, social e ambiental. Cresce por todo o mundo alternativas de transformar lixo em lastro. Lastro no sentido do ouro que garante a um país sua estabilidade e base econômica. É senso comum a importância de se reduzir a produção de resíduos bem como de reaproveitá-los economicamente.

 

A lei de resíduos sólidos brasileira tramitou no Congresso Nacional por 19 anos até ser sancionada pelo presidente Lula em agosto de 2010, e está em lento processo de regulamentação. Determina que a União, Estados e municípios façam planos para tratar resíduos, por meio de metas e programas de reciclagem. Proíbe lixões e determina que compete às indústrias o descarte de produtos, processo denominado de logística reversa. Pilhas, pneus, baterias, eletro-eletrônicos, entre outros bens, serão recolhidos pelos seus fabricantes/responsáveis que devem dar a destinação ambiental correta a todos eles.

 

Atualmente 43 % do lixo coletado no país recebe destinação inadequada. Cabe aos municípios, responsáveis diretos pela coleta, maior responsabilidade pública sobre essa riqueza desperdiçada, num planeta finito que já não dá conta do consumo desenfreado de seus habitantes. Cabe a nós, brasileiros conscientes, criar uma aura ininterrupta de educação ambiental, para incutir na mente de todos a importância vital de cuidar de nossa casa maior.

 

Apenas 7 % dos municípios brasileiros fazem coleta seletiva reciclável. Com a nova lei, prevê-se um aumento de 500 mil trabalhadores dedicando-se à atividade de reciclagem. Hoje o país é recordista em reciclagem de embalagens de alumínio: 94 %!

 

Há inúmeros exemplos de transformação de resíduos em negócios lucrativos: usinas de reciclagem que transformam entulhos de alvenaria da construção civil em brita; lixo orgânico em adubo; pneus em sandálias; óleo de cozinha em sabão; embalagens tetra pak em telhas; e o próprio aterro sanitário a gerar gás metano para produzir energia renovável.

 

Um exemplo de sucesso nessa área surgiu de uma ideia simples, mas genial de um jovem húngaro, Tom Szaky de 28 anos, que vive nos EUA. Ele criou um processo de reutilização a partir do que é descartado pela maioria das empresas: embalagens, garrafas ou latas. Esses itens transformam-se em produtos úteis, num processo denominado upcycling: não se faz nenhuma alteração química ou física dos resíduos, apenas dá-se uma nova forma que agrega valor ao produto final.  A empresa Terracycle estabeleceu-se em diversos países e já está no Brasil, onde faz parcerias com escolas, oficinas de arte, cooperativas, grupos sociais e empresas colaboradoras. Os parceiros coletam restos sem utilidade que iriam emporcalhar a natureza e a Terracycle transforma-os em bolsas, porta trecos e até roupas.

 

Empreendedores visionários brasileiros: a gestão de resíduos é um dos grandes negócios do futuro. Lavoisier já constatou isso no século XVI e o Brasil é um país repleto de oportunidades. Quem se habilita então em desenvolver uma atividade empresarial que transforme lixo em lastro, proporcione excelentes retornos financeiros, além de propiciar aos seus idealizadores satisfação de dever cumprido e eterna gratidão das atuais e futuras gerações?

 

Bingo! Eureka!